segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Biografia narra problemas de saúde de Marina Silva

Desde criança Marina tem a saúde debilitada, foi cinco vezes vítima da malária, contraiu hepatite e leishmaniose e, por fim, foi contaminada por mercúrio, chumbo e ferro.

Três de seus irmãos morreram pequenos: Valceli, com três dias de vida. Deuzilene, com pouco mais de um ano, e Rosilene, com seis meses, ambas de malária. O sofrimento marcou a sua vida. Se falar de doença, diz, "dificilmente vai errar, porque já tive quase todas."

O projeto de escrever sua biografia teve início há dois anos, quando ainda era ministra do Meio Ambiente, antes que ela deixasse o Partido dos Trabalhadores (PT) para entrar no Partido Verde (PV). Assinado pela jornalista Marília de Camargo César, "Marina: A Vida por uma Causa" (Mundo Cristão, 2010), conta sua história desde a vida no seringal, onde cresceu dependente da plantação de borracha. Analfabeta, aprendeu a ler apenas aos 16 anos, enquanto trabalhava de empregada doméstica, e acabou se formando em história. 


O envenenamento por metais pesados --provavelmente causado pela superdosagem de remédios para o tratamento da leishmaniose-- foi o último grande desafio à sua saúde. Grávida e com problemas no fígado e no pâncreas, ela e a família temiam o pior, tomar o medicamento poderia matá-la.

Leia o trecho da biografia que conta como Marina decidiu iniciar o tratamento. 

Marina recebeu a oração do pastor como uma "revelação de cunho espiritual", uma mensagem. Na mesma hora, quis marcar um encontro com ele, queria saber mais sobre seu trabalho. Era uma terça-feira, e ele disse que poderia recebê-la na quinta. Ela insistiu em vê-lo no dia seguinte. O pastor André sugeriu então que ela tratamento de saúde continuava. Náuseas, desorientação espacial e mal-estar eram uma condição constante. O processo de degeneração neurológica causado pela contaminação com o metal pesado não fora revertido, apenas contido. Muitas vezes a senadora saía para algum lugar, a pé, e, de repente, não sabia onde estava ou como chegar aonde queria.
Depois daquele encontro, passou a frequentar regularmente um grupo de oração. Entrava em todas as filas de enfermos para ser abençoada e ungida pelos pastores, pedindo que os amigos da comunidade intercedessem por sua saúde.
Embora se sentisse fortalecida emocional e espiritualmente, seu corpo padecia. Ficou ali cerca de dois anos, boa parte do tempo buscando receber uma bênção especial de Deus para sua saúde. Mas o que relata ter experimentado naquele templo modesto de Brasília foi algo maior. Encontrei-me com o Deus da bênção.
Naquela fila de sofredores, ao receber a unção com o óleo que sela a fronte dos doentes, Marina teve uma experiência mística. Atrás de um punhado de fiéis, ela esperava, de pé, sua vez de ser ungida quando lhe vieram à mente as iniciais: DMSA.
Na hora não entendeu o que se passava. Seguiu adiante, recebeu a unção e voltou para casa, ainda com as letras na mente. DMSA.
Foi como um relâmpago que apareceu na minha mente. DMSA. Mas não entendi o que significava. Nunca tinha tido uma experiência como aquela. Quando cheguei em casa, eu me lembrei: é o remédio!
DMSA. A droga proibida que os médicos americanos tinham mencionado que poderia curá-la ou, da mesma forma, matá-la rapidamente. Ela mal conseguia esperar o dia amanhecer para telefonar a seus médicos. Queria saber se era possível tomar o remédio no Brasil. A visão, a seu ver, significava que ela deveria tomá-lo.
Perguntei a meus médicos se, assinando um termo de responsabilidade e importando o medicamento, eu conseguiria tomá-lo aqui. Eles disseram que sim.
Escondeu da família a decisão. Quando a medicação chegou, ela agendou as aplicações no serviço médico do Senado, avisando ao marido que iria "tomar soro". Precisaria de três aplicações, uma por mês. Comunicou apenas os amigos de seu grupo religioso, pedindo que orassem por ela nos dias específicos marcados para o tratamento.
Senti uma coragem muito grande. Antes, eu morria de medo de ser envenenada. Em condições normais, nunca tomaria aquele remédio, só de saber tudo o que poderia me acontecer. Mas aquela coragem era sobrenatural. Eu tinha certeza de que não ia me acontecer nada de mal.
Seis meses depois da terceira aplicação, a taxa de mercúrio havia caído para um índice inferior à média prescrita pela Organização Mundial de Saúde, indicando que a senadora tinha sido curada da contaminação com o metal.
Desde então, Marina Silva recuperou o vigor, embora a fragilidade física seja uma de suas características. Sua dieta ainda é repleta de restrições. Ela não usa cosméticos, não come chocolate nem laticínios, ingere pouco açúcar e tem ainda uma pequena lista de nãos.
Sente-se renovada. Ao relatar sua "história de conversão", no apartamento funcional em Brasília, numa tarde de abril de 2009, aparentava boa disposição e energia, divergindo de sua decantada imagem abatida. Estava inclusive com alguns quilos a mais, que lhe caíram muito bem.
Nessa mesma época, o doutor Eduardo Gomes, tentava agendar uma consulta para que ela retornasse ao seu consultório. Ele queria que ela retomasse a terapia ortomolecular. "Desde que ela se converteu, passou a precisar menos de mim."

Nenhum comentário:

Postar um comentário