Deu em O Globo
Para fechar as contas ano que vem, aperto precisará ser maior do que os R$ 20 bilhões admitidos por Mantega
Cristiane Jungblut e Martha Beck
O governo de Dilma Rousseff terá que apertar muito o cinto se quiser pôr em prática o discurso de austeridade fiscal pregado por sua equipe econômica.
Embora o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já fale publicamente em cortar R$ 20 bilhões no Orçamento, os cálculos dos técnicos indicam que esse valor terá que ser muito maior — pelo menos R$ 45 bilhões — para que o governo feche as contas em 2011.
Essa meta, de um esforço fiscal de cerca de R$ 45 bilhões, foi discutida ontem, em reunião da atual e futura equipes com representantes do Congresso responsáveis pela elaboração do Orçamento.
A primeira medida será promover um chamado "corte virtual" na proposta do Orçamento da União para 2011, em discussão no Congresso, com propostas de novas despesas que chegam a R$ 20 bilhões.
Esse "corte virtual" consiste, na verdade, em impedir que sejam aprovados esses projetos, com reajuste de grande impacto financeiro. Entre eles está o aumento para os servidores do Poder Judiciário, que aumentaria os gastos em R$ 7 bilhões.
No caso do salário mínimo, a equipe econômica avisou que aceita, como teto, R$ 550, com impacto de R$ 3,4 bilhões além do já previsto no Orçamento (R$ 538).
O governo aceitara anteriormente um aumento para R$ 560. Os R$ 580 reivindicados pelas centrais sindicais representariam uma receita extra de R$ 12 bilhões.
Ao deter as pressões sobre o valor do mínimo, o governo também reduz o rombo provocado pelo reajuste que será dado aos aposentados que ganham acima do piso. A proposta é que seja dado a eles 80% do que for dado ao mínimo.
O governo também recuou na ideia de já garantir no Orçamento um reajuste para o Bolsa Família, como pedira Dilma. A ideia, segundo interlocutores do governo, é conceder um reajuste ao longo de 2011, mas não agora.
Assim, não seria autorizada agora a verba extra de R$ 1 bilhão que já havia sido reservada para a ampliação do programa. Tweet
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