quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Bancada evangélica duplica e a empresarial será quase metade do Congresso


Cada vez mais, os empresários resolvem deixar de financiar candidatos para se tornarem eles mesmos representantes da categoria. De acordo com o Diap, no ano que vem, o setor somará 45% de toda a bancada da Câmara e do Senado
Blairo Maggi exemplifica dois fenômenos do novo Congresso: os crescimentos das bancadas empresarial e ruralista


Os 513 deputados e os 54 senadores que tomarão posse em 2 de fevereiro vão se dividir em sete grandes bancadas informais, suprapartidárias e com grande influência no Congresso. A maior delas reúne 45% das duas Casas, podendo ser decisiva na reforma tributária e nas discussões de mudanças nas leis trabalhistas. Ao invés de mandar representantes, os empresários resolveram se fazer presentes nos debates que interessam à classe.
Levantamento parcial feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIap) mostra que houve um crescimento significativo entre a legislatura que sai em janeiro e a que entre em fevereiro no número de empresários. Atualmente, a bancada empresarial soma 219 integrantes. Com a eleição de outubro, esse número subiu para 273. São 246 deputados e 27 senadores cuja principal fonte de renda advém dos rendimentos de seus negócios.

De acordo com o estudo, a bancada empresarial eleita em 2010 representa mais de 45% do Congresso Nacional e, separadamente, representa 47,95% da Câmara e 1/3 ou 33,33% do Senado. É formada por donos de grandes, médias ou pequenas empresas, acionistas ou quotistas de conglomerados econômicos, comerciantes ou produtores rurais, além de parlamentares que se autointitulam empresários.
Eles estão presentes em todos os partidos e têm como agenda prioritária a redução da carga tributária, especialmente os tributos que incidem no setor produtivo, a eliminação dos encargos sobre a folha de salários e a flexibilização dos direitos trabalhistas. “Houve um grande crescimento da bancada empresarial. É um número muito significativo. Acho que o que motivou isso foi o crescimento das centrais sindicais, que ganharam todas nas disputas com a equipe econômica, e a possibilidade da reforma tributária”, afirmou o diretor de documentação do Diap, Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho.
Para o diretor do Diap, o número de parlamentares identificados com a bancada empresarial  representa os mais variados segmentos. Por conta disso, é um grupo heterogêneo. Dessa maneira, os interesses, exceto nas questões trabalhistas e tributárias, podem eventualmente ser conflitantes, especialmente quando se trata de incentivos a determinados setores ou regiões. “A postura do empresariado é mais reativa na questão trabalhista e mais propositiva na questão tributária”, opinou Toninho.
De acordo com o levantamento do Diap, o partido que possui mais representantes na bancada empresarial é o PMDB, com 43. Ele é seguido pelo DEM, que possui 37 parlamentares no grupo, PP (32) e PSDB (24). Entre os empresários de destaque, para o departamento, estão os dois únicos que foram eleitos pelos seus próprios votos ou que atingiram o quociente eleitoral. Anthony Garotinho (PR-RJ), que teve mais de 600 mil votos, e Paulo Maluf (PP-SP), com 497 mil.

Minas Gerais é o estado brasileiro com maior número de empresários eleitos. São 30, contra 28 de São Paulo, um dos estados mais industrializados do país. O Rio de Janeiro ocupa a terceira posição com 21 defensores da agenda patronal. A grande quantidade de empresários eleitos por Minas Gerais também colabora para que o Sudeste ocupe a liderança no ranking de empresários entre as cinco regiões brasileiras. São 84 empresários na região Sudeste, contra 71 na região Nordeste, 37 na região Sul, 28 região na Norte e 26 na região Centro-Oeste. Por gênero, a bancada empresarial é majoritariamente masculina. São 231 representantes do sexo masculino contra apenas 15 do sexo feminino.
Ruralistas
Apesar da bancada empresarial ser a mais numerosa, em alguns casos ela se confunde com outros grupos de parlamentares. Um desses casos é do deputado Paulo César Quartiero (DEM-RR). O parlamentar reforçará duas bancadas na Câmara Federal. Além da empresarial, ele também atuará na ruralista. Produtor de arroz em Roraima, é uma das novidades da Câmara para a legislatura 2011-2014. Outro exemplo é do ex-governador do Mato Grosso Blairo Maggi (PR). Eleito para o Senado, ele é um dos maiores produtores de soja do país.
Quartiero e Maggi são exemplos do crescimento de outra bancada, a ruralista. Dos 160 parlamentares que defendem o agronegócio, 92 são deputados reeleitos e 50 são deputados novos. Para fechar a conta, há ainda 18 senadores, sendo dez atuais com mandato até 2015, seis novos e dois reeleitos que cumprirão mandato até 2019. Na legislatura que se encerra agora, são 120.
Novamente o PMDB tem o maior número de parlamentares dentro do grupo. São 36 peemedebistas, seguidos por 25 do PP, e 24 do DEM. O PSDB está com 22 ruralistas. O PR 15, o PTB 10, e o PDT nove ruralistas.
Outra bancada que cresceu foi a sindicalista. Serão 72 parlamentares na próxima legislatura, contra 62 da atual. A frente evangélica, que havia experimentado uma queda em 2006, voltou a crescer. Tomarão posse, em 2 fevereiro de 2011, 73 parlamentares, sendo 70 deputados e três senadores evangélicos. “Com este número, a bancada evangélica, que tinha sufragado apenas 36 integrantes no pleito de 2006, recupera a capacidade de articulação e negociação dos temas de seu interesse no Congresso”, diz o relatório do Diap.
A bancada da saúde, que é dividida em três áreas, não tem levantamento de integrantes. Porém, segundo o Diap, o grupo perdeu em qualidade e quantidade. São citadas as ausências a partir do próximo ano dos deputados Rafael Guerra (PSDB/MG), um dos coordenadores da Frente Parlamentar da Saúde, que desistiu de concorrer; nem Coubert Martins (PMDB/BA), derrotado na tentativa de reeleição; Jofran Frejat (PTB/DF), derrotado na disputa como vice-governador do Distrito Federal na chapa encabeçada pelo ex-senador e ex-governador Joaquim Roriz; Alceni Guerra (DEM/PR) e Antônio Palocci (PT/SP), que não concorreram.
Assim como no caso da saúde, o Diap não elaborou um levantamento da bancada da educação. Mas afirma que ela manteve sua importância “política e estratégica” no Parlamento. Já para a frente dos parlamentares dos meios de comunicação existe a estimativa de aproximadamente 100 parlamentares defendendo os interesses dos grupos de mídia. A bancada feminina, de acordo com o Diap, “praticamente” manteve sua representação.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Internet via luz vira realidade nos EUA

Do Gizmodo Brasil



Primeiro começamos a usar banda larga com fios telefônicos. Mas eles estão sobrecarregados, então a internet via rede elétrica pode ajudar. E agora usamos redes Wi-Fi, que interferem em outras redes sem fio e, onde muitos usam a mesma conexão, também estão sobrecarregadas. A solução? Internet via luz. E o mais legal? Poderemos ver internet via rede elétrica e distribuída via luz em breve.
Isso é o que espera John Pederson, criador do sistema LVX, que utiliza sistemas de iluminação para ligar computadores à internet. Internet via luz não é novidade, mas até então era algo visto apenas em laboratórios de universidades – este é um sistema real, que já será implantado na prefeitura de St. Cloud, nos EUA.
E como o LVX funciona? Basta instalar um conjunto de LEDs no teto e transmitir para elas, com o transceptor da foto acima, as informações em formato binário: a luz acesa equivale ao valor 1; a luz apagada, ao valor 0. As LEDs piscam rapidamente, de forma imperceptível ao olho humano, e um sensor ligado ao computador capta os dados, processando-os e os exibindo na tela do computador. Não há ondas eletromagnéticas no processo que interfiram em serviços como celular e televisão, e a internet via luz atinge velocidades de até 3Mbps.

A parte de internet via rede elétrica deve chegar ano que vem: segundo Pederson, o sistema LVX deve ser melhorado para atingir velocidades maiores, e ele planeja vender a internet via luz para assinantes de banda larga via rede elétrica nos EUA. Veja aqui um vídeo para saber mais como funciona o LVX.

WikiLeaks: o Brasil na rota das drogas

Do Estadão
Embaixada dos EUA em La Paz estima que, em apenas dois meses de 2009, 175 aviões suspeitos de carregar cocaína saíram da Bolívia com destino ao território brasileiro; Brasília também expôs receio de vínculos entre governo boliviano e traficantes 

29 de dezembro de 2010 | 0h 00
Jamil Chade - O Estado de S.Paulo

Para a diplomacia americana, o Brasil é peça central na rota do tráfico de drogas no mundo, segundo uma série de telegramas enviados de diversas embaixadas dos EUA e vazados pelo WikiLeaks. Os documentos ainda mostram como o Itamaraty estaria "preocupado" com a "conexão entre o governo boliviano e os produtores de coca" e revela dados alarmantes sobre o volume do tráfico entre Bolívia e Brasil. 
Estado mostrou ontem como a droga que sai do Brasil estaria ajudando a financiar as atividades da Al-Qaeda no Magreb. Agora, os telegramas indicam que as rotas são ainda mais complexas e o Brasil, para muitos traficantes, tornou-se o caminho para permitir que a droga chegue à Europa, EUA e Ásia.
Uma das preocupações centrais dos americanos refere-se ao governo do boliviano Evo Morales. Os documentos mostram um debate que chegou a contaminar a eleição presidencial brasileira: o suposto envolvimento de autoridades no tráfico.
Em um telegrama de 19 de fevereiro, o governo americano diz que o Itamaraty vê com grande preocupação a relação entre o governo boliviano e os produtores de coca. Em uma reunião entre o embaixador americano no País, Thomas Shannon, e a subsecretária de Política da chancelaria, Vera Machado, a brasileira não esconde o temor.
"(Vera) Machado acredita que a situação na Bolívia se estabilizou, mas se mantém preocupada sobre as conexões entre o governo e os produtores de coca", registra Shannon. "Ela (Vera) admitiu a ameaça para a região do tráfico de drogas, mas identificou como principal fonte o problema do consumo nos países ricos", disse.
Telegramas da Embaixada dos EUA em La Paz dão uma demonstração de como o Brasil de fato tem motivos para estar preocupado. Em 17 de dezembro de 2009, um telegrama estima em 175 o número de aviões suspeitos de carregar cocaína que cruzaram a fronteira entre Bolívia e Brasil em apenas dois meses.
Autoridades americanas teriam traçado um cenário sombrio a diplomatas americanos: "A falta de controle sobre seu espaço aéreo resulta em praticamente uma liberdade total para o narcotráfico."
Mas, em outro telegrama, de julho de 2010, o presidente do Senado boliviano, Oscar Ortíz, prefere colocar a culpa no Brasil. Em conversa com o embaixador Shannon, Ortíz "lamentou o aumento do tráfico de drogas e o fato de brasileiros e a União Europeia tolerarem isso".
Via Maputo. Mas não é apenas a droga direcionada à Europa que passa pelo Brasil. Em um telegrama de 16 de novembro de 2009, a embaixada americana da capital moçambicana, Maputo, informa Washington como "a rota principal para a cocaína por via aérea que chega em Maputo vem do Brasil".
Segundo a informação, a queda no volume de droga confiscada no aeroporto de Maputo nos últimos meses não seria motivada pela redução do tráfico, mas pelo aumento do controle da polícia e das autoridades de imigração. "Domingos Tivane, o diretor da Aduana, está diretamente envolvido em facilitar o transporte da droga", acusa o telegrama americano.
Parte importante do tráfico seria feito pelo empresário Mohamed Bashir Suleiman, que usaria ainda o porto de Dubai e contêineres com televisão e mesmo carros para esconder a droga. Segundo os americanos, ele teria conexões na Somália, Paquistão, América Latina e Portugal.
O telegrama ainda revela que Suleiman "tem uma relação próxima com o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano e o atual presidente, Armando Guebuza". "A corrupção endêmica em Moçambique leva a uma situação em que traficantes de drogas têm acesso livre ao país", aponta o telegrama.
Ainda de acordo com o documento, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) - movimento histórico que libertou Moçambique do colonialismo português - "esconde o nível de corrupção da imprensa e da comunidade internacional".

65 jornalistas contratados

Deu no Fator RRH


Um deputado estadual me disse hoje pela manhã (e não pediu reserva): A Assembleia Legislativa do RN tem em seus quadros 65 jornalistas contratados.

É, sem réstia de dúvida, a maior redação do Estado.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Vem à tona o motivo da má vontade da mídia com o governo Lula

Todos sabem que o governo federal é um dos maiores anunciantes do país.

O valor total gasto nos dois mandatos de Lula, até outubro deste ano, foi R$ 9,325 bilhões. Dá uma média anual de R$ 1,2 bilhão.

Essa cifra não inclui três itens importantes: custo de produção dos comerciais, publicidade legal (os balanços de empresas estatais) e patrocínio -dinheiro para financiar projetos esportivos e culturais, entre outros.

Produção e publicidade legal consomem cerca de R$ 200 milhões por ano. No caso de patrocínio, o governo gastou uma média anual de R$ 910 milhões de 2007 a 2009.

Tudo somado, Lula gasta R$ 2,310 bilhões por ano com propaganda. Os valores são semelhantes aos do governo FHC, embora inexistam estatísticas precisas à disposição.
 

Reportagem publicada hoje (28/12/2010) na Folha de São Paulo informa que em janeiro de 2003, quando Lula tomou posse, toda essa bolada era dividida por apenas 499 veículos de comunicação.

Diante da altíssima cifra e dos poucos veículos de comunicação, vemos que esses órgãos eram "financiados" pelo governo federal.

A mesma reportagem informa que hoje a publicidade do governo federal é distribuído por 8.094 veículos de comunicação. Um aumento de 1.522% em rádios, TV, jornais, revitas e blogs.

Só neste ano de 2010, 1.047 novos meios de comunicação passaram a receber recursos de publicidade federal. A reportagem destaca que 2010 foi um ano eleitoral, "esquecendo" que é mais fácil manter o controle sobre poucos órgãos, como se fazia antes.

Os órgãos de imprensa estão espalhados por 2.733 cidades, enquanto em 2003 eram só 182 municípios.

Na categoria "outros", que inclui portais de internet, blogs, comerciais em cinemas, carros de som, barcos e publicidade estática, como outdoors ou painéis em aeroportos, são 2.512. Em 2003, eram apenas 11.

A reportagem destaca, ainda, que o governo Lula da Silva avançou na transparência em relação ao governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, pois nunca existiu esse tipo de estatística até 2003. Ainda assim, há buracos negros no processo. Não se sabe quais são os veículos que recebem verba de publicidade estatal nem quanto cada um ganha.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sindicalista vê "coro ensaiado" de bancos para subida de juros

Futurologia da Febraban é precipitada
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
 
Relatórios de bancos sobre a conjuntura macroeconômica do país soam como "coro ensaiado" para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. Em artigo publicado na página da entidade na internet, o sindicalista apresenta dados para sustentar que não há ameaça de volta da inflação, mas acredita que as instituições financeiras tenham interesse na elevação da taxa básica de juros da economia (Selic).
"A taxa Selic é um componente importante no lucro dos bancos. Querem ganhar mais dinheiro de maneira fácil, às custas do desenvolvimento econômico e social do país", sentencia Cordeiro. Ele chama de "profecias" as previsões de alta da inflação, de crescimento econômico e de variação de outros indicadores do país em 2011, apresentadas pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
A maior parte delas, sistematizadas pelo Banco Central no Boletim Focus, publicado semanalmente às segundas-feiras, indica risco de inflação apesar do crescimento econômico mais fraco no próximo ano. "É um coro muito bem ensaiado. Uma pressão organizada e concentrada para que as profecias se autocumpram", critica o sindicalista. Parte da rentabilidade dos bancos é obtida pela aplicação e negociação de títulos da dívida pública, cuja correção oscila tendo a Selic como referência.
O artigo cita a inflação medida em dezembro pelo Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (ICV/Dieese). A alta no indicador é atribuída a elevação de alguns produtos de origem agrícola que tiveram redução de oferta por fatores climáticos e sazonais.

Fonte: Rede Brasil Atual

Nossos políticos são uma comédia

Diariamente vemos ações espetaculosas das autoridades policiais para prender ladrões de galinha e os políticos aparecendo em cima dos pobres.

Mas, quando se trata de investigar e punir os barões, grandes caciques da economia, há um corporativismo absurdo, mesmo entre políticos "adversários".

A imprensa potiguar noticia diariamente que o Rio Grande do Norte está com gravíssimos problemas, em decorrência do governo que está prestes a terminar Vilma/Iberê, mas, na nota abaixo, transcrita do blog de Thaisa Galvão, a governadora eleita, Rosalba Ciarlini, ao ser questionada se iria investigar a origem desses problemas, declara que não pode "perder tempo" com isso.

Não pode perder tempo para zelar com a coisa pública?

E a senhora acha que foi eleita para quê?

Veja a nota:

Rosalba não fará auditoria nas contas do governo

A governadora Rosalba Ciarlini disse ao Blog na noite deste domingo: não fará auditoria nas contas do governo.
"Se aparecer alguma coisa, entrego ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público. Não posso perder tempo com isso não", declarou a Rosa Gove.

Com 1ª moeda social do estado do RJ, Silva Jardim agita sua economia

Com informações do G1


Prefeitura espera que atrações turísticas também atraiam mais visitantes.

Em apenas um mês, Capivari aumentou movimento no comércio.
Aluizio Freire Do G1 RJ
Capivari - Moeda socialSonia elogia e exibe uma nota de Capivari enquanto
faz  compras (Foto: Aluizio Freire)
A rotina dos moradores de Silva Jardim, na Baixada Litorânea, mudou há pouco mais de um mês, quando foi lançada e começou a circular a primeira moeda social do Estado do Rio de Janeiro, o Capivari. A nova moeda, que é administrada com recursos do município, ganhou a adesão de grande parte da população e passou a financiar o comércio local, provocando um “boom” na economia da cidade.

Em frente aos supermercados, açougues e drogarias, carros de som anunciam as promoções em produtos que são adquiridos com o novo dinheiro. Com faixas e outras publicidades, comerciantes fazem propagandas para atrair mais clientes com capivaris no bolso.

Em alguns casos os descontos chegam a 20% do valor da compra. “Achei a ideia excelente. Isso está revitalizando o comércio de Silva Jardim”, elogiou Sonia Maria Cruz, 42, enquanto fazia compras no supermercado usando seus capivaris.

Muitos comerciantes garantem que o movimento aumentou em até 60% depois da nova moeda.
“Nosso objetivo, em primeiro lugar, é promover a economia solidária, valorizando o comércio local e ajudando o pequeno empreendedor com o microcrédito. Agora, o dinheiro fica aqui no município. Antes, a gente enchia uma lata furada”, explica a secretária municipal de Turismo, Indústria e Comércio (Semtic), Vera Lúcia Brito.
Capivari - Moeda socialBanco foi criado para conceder empréstimos e
atender aos mais pobres (Foto: Aluizio Freire)
A abertura do Banco Comunitário Capivari (BCC) garante a circulação da moeda desde o dia 16 de novembro. O prefeito Marcello Zelão foi o principal idealizador da iniciativa.

“Os comerciantes e a população aceitaram a moeda, apoiando a iniciativa. Queremos o melhor para o nosso município. O banco é para atender os trabalhadores, as pessoas mais pobres e não para quem tem dinheiro. Vamos mudar a realidade econômica da cidade através das pessoas de menor poder aquisitivo, que não conseguem empréstimos nos bancos convencionais”, disse Zelão, defendendo o micro-crédito para agricultores e outros setores produtivos.

Com cerca de 22 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, a atividade econômica que movimenta Silva Jardim ainda é a agricultura. Numa cidade cuja renda per capita é de um salário mínimo e meio e que muitos moradores ainda compram a crédito no mercado e deixam a dívida anotada em uma ficha para pagar mensalmente, o chamado “pendura”, um banco que abre com a proposta de oferecer crédito a pessoas com esse perfil precisou ser concebido com alguma flexibilidade.

Em vez de SPC ou Serasa, carro de som
“A gente não consulta o Serasa ou SPC, mas, os vizinhos, para saber se a pessoa merece mesmo crédito. O que exigimos é que a pessoa tenha pelo menos dois anos de endereço fixo”, afirma a analista de crédito do BCC, Tatiana da Costa Pereira. Mas a coisa pode se complicar para os maus pagadores.
Capivari - Moeda socialAnalista do BCC confia nos clientes e não acredita
em grande inadimplência (Foto: Aluizio Freire)
Segundo Tatiana, caso o beneficiado se mantenha inadimplente e fique comprovado que houve má-fé para obter o crédito, ele poderá ter seu nome exposto em uma lista de devedores na entrada no banco ou até anunciado em um carro de som. Isso está previsto no contrato que ele assina e registrado no fórum.

“Mas, sabemos que as pessoas daqui são muito corretas, honestas e bons pagadores”, elogia a analista.

O gerenciamento geral da moeda social ficará a cargo da Associação Comercial, sob a supervisão do Fórum da Economia Solidária de Silva Jardim (Feso).

O suporte técnico e a consultoria para a implantação da moeda, que circula apenas no município, foram dados pelo Instituto Palmas, que já implantou moedas sociais em várias cidades brasileiras e administra uma moeda própria, o Palmas, no Conjunto Residencial Palmeira, em Fortaleza (CE).
O Capivari é emitido e administrado pelo BCC. Além de realizar o trabalho de "câmbio", isto é, a troca de reais por capivaris, o banco tem uma linha de crédito para pequenos empreendedores, com o intuito de promover a geração de trabalho e renda no município.

Capivari
As cédulas são de cinquenta centavos (lilás), um (verde), dois (salmão), cinco (amarela) e dez (azul) capivaris.

A Semtic preparou, ainda, uma cartilha com 20 perguntas e respostas esclarecendo sobre as dúvidas mais frequentes a respeito da nova moeda.
Capivari - PraçaPrefeitura espera que cidade também ganhe
com o turismo (Foto: Marcio Kleber/Divulgação)
A circulação do Capivari é amparada pela Lei de Economia Solidária proposta pela Administração Municipal e aprovada pela Câmara em 27/05/2010. A iniciativa conta com a parceria do Banco do Brasil.

O nome da moeda é em virtude de o município de Silva Jardim ter sido inicialmente conhecido como Capivari, que também é o nome do rio que corta o centro da cidade. A escolha do título para a nova moeda, diz a prefeitura, é uma forma de resgate da história do município. Seu significado é "rio que tem capivara", o que também justifica a escolha da gravura que ilustra as cédulas.

Turismo é outra aposta
A 113 quilômetros do Rio, Silva Jardim é uma pequena cidade interiorana com uma bem cuidada pracinha central , traduzindo o clima de tranquilidade que atrai visitantes das cidades grandes.

A localidade, grande potencial turístico natural, possui cachoeiras e florestas que são um convite a passeios e caminhadas. Silva Jardim faz divisa com os municípios de Casimiro de Abreu, Nova Friburgo, Rio Bonito, Cachoeiras de Macacu e Araruama.

Uma parte do seu território encontra-se protegido pela Reserva Biológica Poço das Antas, unidade federal de conservação da natureza destinada ao projeto de preservação da Mata Atlântica e do mico leão dourado.

Para quem gosta de praticar esportes náuticos, o endereço é a Lagoa de Juturnaíba, com águas indicadas para banhos, passeios de barco e pescaria. O local é cercado por bares e restaurantes.

Para quem gosta de dar uma esticada, nos arredores de Silva Jardim encontra-se a Aldeia Velha, uma antiga vila fundada por imigrantes suíços e alemães. Algumas casinhas coloniais continuam mantendo o charme da região. O visitante pode fazer caminhadas por trilhas que levam a cascatas que garantem refrescantes mergulhos.