domingo, 19 de setembro de 2010

Você sabe porque judeus e samaritanos se odiavam?


Você sabe que judeus e samaritanos não se davam bem, mas você sabe o motivo?

Em Lucas 10, Jesus, respondendo a um judeu, “doutor da lei”, sobre o que era preciso para herdar o reino de Deus, contou a história de um homem que foi assaltado e espancado e passaram por ele três pessoas: um levita e um sacerdote, que representavam religiosos, que teoricamente teriam compaixão em seu coração e ajudariam aquele homem, mas estes passaram de largo. A terceira pessoa foi um samaritano e Jesus disse que este se moveu de íntima compaixão e ajudou ao ferido. Por conta desse relato da Bíblia, hoje nos referimos a pessoas que fazem boas ações como “bons samaritanos”.

Este relato deve ter deixado o “doutor da lei” chocado, pois Jesus diz que um samaritano fez um ato de bondade que um levita e um sacerdote não tiveram coragem de fazer.

Então, qual a origem dessa discórdia?

Depois da morte de Salomão, em cerca de 930 a. C, dez tribos do norte separaram-se e formaram o reino de Israel, também conhecido como reino da Samaria, devido ao nome da cidade que se tornou a sua capital no século IX a.C. Este reino tornou-se vizinho e por vezes rival do reino do Sul, o reino de Judá.

No ano de 722 a.C, o reino da Samaria foi vencido pelo rei da Assíria e o povo foi levado para a Assíria em cativeiro. Mas não era comum levar todas as pessoas do povo conquistado. Eram levados apenas os mais jovens, mais fortes, sadios, pois eram tratados como mercadorias. Veja como exemplo o caso de Daniel e seus amigos.

Era comum deixar em suas terras os mais idosos e mais fracos, que não tinham muita utilidade como escravos. A prática de deixar alguns moradores ainda tinha a finalidade de evitar que invasores ocupassem as terras recém conquistadas.

Mas havia outra preocupação: evitar que as pessoas se unissem e se rebelassem contra o conquistador, até porque os que ficavam tinham que pagar impostos altíssimos, quase confiscatórios, o que fazia com que muitas vezes chegassem a passar fome.

Como é verdadeiro o ditado de que “a união faz a força”, os conquistadores queriam evitar que os que ficaram nas terras conquistadas se unissem. Então, quais fatores unem as pessoas: um deus, uma nação, um povo.

Por isso, a estratégia era povoar os reinos ocupados com pessoas que cultuavam a deuses diferentes, pessoas que eram trazidas de locais distantes e de descendências diferentes.

Assim, era formada uma vizinhança com pessoas completamente diferentes, que muitas vezes se odiavam entre si, sem quase nenhuma possibilidade de se unirem e assim era quase garantia de que não haveria rebelião contra o reino conquistador.

Como essa situação permaneceu durante séculos, os judeus do reino de Samaria (reino do norte) que ficaram em suas terras acabaram se casando com os estrangeiros, havendo os chamados “casamentos mistos”, com pessoas pagãs, o que era proibido pela lei de Moisés, tão preservada pelos judeus do reino do sul.

Por conta dessa mistura com os povos gentios, algumas práticas pagãs foram incorporadas aos rituais religiosos praticados pelos judeus de Samaria que adoravam a Jeová.

O Evangelho de João, no capítulo 4, diz que Jesus deixou a Judéia e foi outra vez para a Galiléia, sendo necessário passar pela Samaria.

E aqui chamo a atenção para o fato de Samaria ficar entre a Judéia e a Galiléia, mas o ódio era tão grande que para ir da Judéia até a Galiléia os judeus preferiam pegar uma rota mais longa, passando pela Peréia, só para evitarem atravessar a Samaria, mas Jesus costumava quebrar todos esses paradigmas.
E tendo sede, Jesus dirigiu-se a um poço e pediu água a uma mulher 
samaritana. Essa atitude de Jesus deve ter sido um escândalo, por dois motivos: primeiro, não era comum, naquela época, homens e mulheres desconhecidos conversarem sozinhos; e, segundo, um judeu conversar com um samaritano. Até a samaritana estranhou. Veja em Jo 4.9: “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).”

A prova da diferença das práticas foi dita pela mulher samaritana no versículo 20: “Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar”.

Por todos esses motivos é que os judeus de Jerusalém não consideravam mais os judeus de Samaria como sendo judeus autênticos, não querendo nem mesmo conversar com os Samaritanos.

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